Aos vinte anos eles eram a bola da vez, novidade na última leva de bandas de rock abraçadas pelas rádios do Brasil. Hoje, na faixa dos trinta, os músicos do NX Zero espantam "uma crise existencial-musical" que os fez romper com a gravadora Universal e o produtor/empresário Rick Bonadio. Eles rejeitam velhas fórmulas no disco "Norte". Depois do "divã coletivo", a banda fala no sofá do G1 sobre o álbum.
O quinteto também apontou em poucas palavras, a pedido do G1, como cada um mudou dos vinte aos trinta anos. O baterista Dani se diz mais "sério" e o baixista Caco está "realizado". O vocalista Di Ferrero escreveu duas gírias que são usadas popularmente para falar de maconha: prensado, forma com efeito mais leve, e kunk, tipo mais forte, tamém chamado de skunk.
Substâncias à parte, a fórmula musical também fica mais potente - pelo menos para quem gosta de um rock menos quadrado. Com ajuda de Rafael Ramos (Pitty, Titãs, Raimundos), na gravadora Deck, a banda conseguiu "tirar uma coisa boa de uma situação de merda", como define o guitarrista Gee. Eles tomaram as rédeas da carreira ao montar seu próprio escritório de venda de shows. 'Pavor' e 'vômito' "A gente estava numa mesmice.
Sempre tivemos pavor de rotina", lembra Di. A "crise existencial-musical", como ele define, ficou clara enquanto a banda se reunia em uma casa no litoral de São Paulo para gravar. "Começamos a falar sobre tudo, vomitar mesmo", diz Di. Eles pensaram em terminar a banda. "Ou a gente se separava de vez ou ficava mais forte", conta o vocalista. Eles escolheram a segunda opção. "A gente 'desconcertou' todo o jeito que tinha de compor. Tínhamos uma fórmula que funcionava, e era uma escolha continuar nela ou não. A gente não queria." Democratizar o método de composição, com menos foco nas melodias, ser menos introspectivo nas letras e deixar de ver o estúdio como uma obrigação de horário fixo foram algumas mudanças. Briga para não virar 'produto'
A banda diz que não está preocupada com a baixa do rock nas rádios em relação ao sertanejo e outros estilos. "Se você faz música boa de verdade, não vai sair de moda", diz Di. "Quantidade e dinheiro não são sinônimos de sucesso e felicidade. É uma coisa que a gente aprendeu pra caramba nesse disco. Realização é outra coisa. Virar um produto é um problema." Se virar um produto é um problema, eles já se viram caindo nesta armadilha? Caco esboça uma resposta positiva. "A gente começou a aparecer quando tinha 20 anos. Da mesma maneira como compunha de uma certa maneira, a maneira como a gente trabalhava esses discos entra em uma sistemática." Mas Di nega que tenham entrado na linha de produção. "Todos os motivos de discussão e briga foram porque a gente batia o pé, e isso é muito complicado para um moleque de 20 anos", diz, voltando a citar a idade dos primeiros discos. "A gente teve oportunidade de fazer [propaganda de] chiclete, xampu, e disse não desde o começo", lembra. "Eu fico preocupado se a galera, talvez, via a gente como um produto. Mas jamais [fomos]", diz Gee.
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